Com a taxa Selic ainda elevada, os financiamentos tradicionais se tornam cada vez menos atraentes, especialmente para quem busca evitar endividamentos. Nesse contexto, muitos jovens da Geração Z encontram no consórcio uma estratégia poderosa para alcançar bens como automóveis e imóveis com planejamento e sem juros exorbitantes.
A trajetória de José Borba: de gerente sem carro a empreendedor de consórcios.
José Borba tinha apenas 21 anos quando recebeu uma grande oportunidade: ser gerente na empresa onde trabalhava. Havia apenas uma condição — precisava de um carro para visitar clientes. Financiamento? Impensável. Pagar à vista? Impossível. Foi aí que o consórcio se tornou sua saída:
“Como eu não tinha condições de comprar nem à vista nem pelo financiamento, optei pelo consórcio.”
Ele foi contemplado no terceiro mês graças a um lance — modalidade que permite antecipar parte das parcelas para acelerar a liberação do crédito. Hoje, com 33 anos, José se orgulha de ter se tornado o gerente mais jovem de sua antiga empresa e, posteriormente, fundado sua própria corretora de consórcios.
Por que a Geração Z está abraçando os consórcios?
- Evita juros altos: A Selic ainda ronda os 15% ao ano, tornando os financiamentos pesados para quem está começando. O consórcio surge como alternativa sem juros — embora haja taxas de administração, diluídas ao longo do tempo.
- Crescimento significativo entre jovens: A participação de pessoas de 18 a 29 anos em consórcios aumentou 8,9% de 2023 para 2024, sinalizando uma tendência crescente desse público em buscar planejamento financeiro.
- Planejamento como valor central: Mesmo diante da instabilidade econômica e do crédito restrito, os jovens valorizam o tempo — muitos não precisam do bem imediatamente e veem no consórcio um caminho viável de médio a longo prazo.
- Educação financeira em prática: Ao se comprometer com parcelas mensais, o consórcio atua como uma “obrigação financeira saudável” — ensinando disciplina e reforçando a importância do comprometimento.
- Panorama positivo do setor: Em 2024 o sistema de consórcios alcançou ótimos números — e as projeções para 2025 indicam continuidade dessa trajetória: previsão de crescimento de até 8%, com destaque para imóveis (+20%), eletroeletrônicos (+23%) e veículos leves (+6%).
- Consórcio imobiliário em alta: O mercado imobiliário acompanha essa tendência. De janeiro a novembro de 2024, o volume de créditos comercializados no consórcio imobiliário subiu 35,4%, atingindo R$ 178,34 bilhões, consolidando a modalidade como opção viável para quem planeja a casa própria com calma.
- Segmentos diversos e participação ativa: De janeiro a abril de 2025, só o segmento de eletroeletrônicos teve crescimento de mais de 119% nas vendas, e os consórcios de veículos leves e imóveis também registraram desempenho robusto. E o setor como um todo segue batendo recordes — já ultrapassou 10 milhões de participantes ativos em 2023.
Consórcio x Financiamento: o que pesa na balança?
Aspecto | Financiamento | Consórcio |
Imediatismo | Bem disponível na hora | Contemplação pode levar meses ou anos |
Taxas | Juros + taxas elevadas | Taxa de administração (10–20%), sem juros |
Planejamento financeiro | Menor, amarra orçamento | Mais previsível e controlado |
Incerteza do custo final | Parcela fixada | Custo varia com prazo e correções |
Negociação e antecipação | Possível desconto | Normalmente sem quitação antecipada |
Como destaca o planejador financeiro Jeff Patzlaff, no consórcio é mais difícil prever o custo total desde o início, e faltam mecanismos de desconto por quitação antecipada — presentes no financiamento.
O que saber antes de entrar em um consórcio:
- Defina qual bem deseja: carro, casa, moto ou até serviços.
- Avalie o valor da carta de crédito e o número de parcelas.
- Saiba que a contemplação pode ocorrer via sorteio ou lance.
- Considere as taxas de administração (10% a 20% do valor contratado).
- Tenha paciência: o consórcio é ideal para quem pode esperar.
Tendências para 2025:
O sistema de consórcios segue em crescimento:
- Já são mais de 10 milhões de participantes ativos no Brasil.
- Segmentos em alta: imóveis (+20%), veículos leves (+6%) e até eletroeletrônicos (+23%).
- O consórcio imobiliário sozinho movimentou mais de R$ 178 bilhões em 2024, com crescimento acima de 35%.
Conclusão: planejamento como ferramenta de conquista:
Para a Geração Z, que lida com rendas mais apertadas e bens proporcionalmente mais caros, o consórcio representa uma forma inteligente de se planejar sem se afundar em juros. Mais do que adquirir um carro ou uma casa, é uma estratégia de construir disciplina financeira e dar passos seguros rumo ao futuro.