Mesmo com a taxa Selic em 15% ao ano — um dos maiores patamares da década —, o mercado imobiliário brasileiro continua surpreendendo. Em junho, o Índice FipeZAP registrou uma valorização acumulada de 7,49% nos últimos 12 meses, superando com folga a inflação oficial medida pelo IPCA, que ficou em 5,37% no mesmo período.
A primeira vista, isso pode parecer contraditório. Afinal, com juros elevados, o custo dos financiamentos sobe, o que normalmente reduz a demanda por imóveis. Mas, na prática, outros fatores vêm sustentando — e até impulsionando — os preços dos imóveis residenciais. Vamos entender o que está por trás desse movimento.
Por que os imóveis continuam subindo mesmo com crédito caro?
1. Demanda reprimida e ressignificação do lar pós-pandemia:
A pandemia redefiniu o papel da moradia. Muitas pessoas passaram a buscar imóveis maiores, com mais conforto e em bairros mais tranquilos. Esse movimento gerou uma demanda reprimida que, mesmo anos após o pico da crise sanitária, ainda se reflete no mercado — especialmente em cidades grandes.
2. Escassez de lançamentos
Enquanto a demanda voltou com força, a oferta não acompanhou no mesmo ritmo. Em diversas regiões, a falta de novos lançamentos — causada por custos elevados, insegurança regulatória e entraves logísticos — fez com que o preço dos estoques existentes disparasse. Em bairros valorizados, imóveis prontos e bem localizados se tornaram ainda mais disputados.
3. Imóveis como proteção financeira
Diante de um cenário de instabilidade econômica, variações cambiais e inflação persistente, muitos investidores voltaram os olhos para o setor imobiliário. Imóveis voltaram a ser vistos como um porto seguro — uma forma de proteger o patrimônio contra a desvalorização do real e a volatilidade dos ativos financeiros.
4. Crescimento dos consórcios e financiamentos alternativos
Enquanto os financiamentos bancários tradicionais encareceram com a alta da Selic, os consórcios imobiliários cresceram 55,8% entre janeiro e maio. Esse modelo, que exige mais planejamento, mas oferece custos menores a longo prazo, tem conquistado tanto compradores quanto investidores. Além disso, formas alternativas de financiamento, como parcerias diretas com construtoras ou fintechs de crédito, vêm ganhando espaço.
Cidades que lideram a valorização:
Algumas capitais estão se destacando quando o assunto é valorização imobiliária. Entre elas:
- São Paulo: Bairros de médio e alto padrão como Vila Mariana, Moema e Perdizes vêm puxando os preços para cima.
- Curitiba: Com infraestrutura sólida e qualidade de vida, tem atraído moradores e investidores.
- Belo Horizonte: A capital mineira apresenta boa relação entre preço e qualidade de vida, além de crescimento em regiões como o entorno da Savassi.
- Maceió: O turismo aquecido e a procura por imóveis de segunda residência influenciam diretamente os preços na cidade.
O que esperar do mercado daqui pra frente?
A continuidade da valorização dos imóveis dependerá de alguns fatores-chave, como:
- A trajetória da taxa Selic nos próximos trimestres;
- A retomada (ou não) dos lançamentos imobiliários;
- A estabilidade econômica e política do país;
- O apetite dos investidores por ativos reais.
Por enquanto, o cenário mostra que, mesmo com crédito mais caro, o mercado imobiliário brasileiro segue aquecido e em movimento, especialmente em regiões urbanas estratégicas.
Você está pensando em comprar ou investir em imóveis? Avalie bem o cenário da sua cidade, considere alternativas como consórcios e fique atento à dinâmica de oferta e demanda. Em um mercado cada vez mais dinâmico, informação e estratégia fazem toda a diferença.